Com o “fim da Agilidade” (#sqn), o novo hype é ProductOps.
A origem do termo não é clara, mas comecei a ouvir algo similar há cerca de dez anos, quando empresas de tecnologia que queriam agilizar os processos de integração entre desenvolvimento e operações cunharam um termo irmão, “DevOps”. Ao mesmo tempo em que todo mundo me dizia que “ainda pouco se sabe sobre essa cadeira de Product Owner”.
Em resumo, ProductOps é uma prática emergente em empresas com times ágeis maduros, cujo objetivo é maximizar a eficiência das equipes de produto.
ProductOps então seria um misto de processos e estruturas que permitem a colaboração, comunicação e tomada de decisões eficientes e bem informadas em toda a organização, alinhando as equipes de produto com metas de negócios mais amplas e garantindo que os produtos sejam entregues no prazo e dentro do orçamento (essa última parte é que chama a atenção de quem tem ranço do ágil porque alguém inventou que “ágil não tem data”).
No final do dia, ProductOps nada mais é do que integrar disciplinas que sempre estiveram associadas à gestão de Produto —framework ágil, Analytics/BI, UX e operação de produto em si.
Mas tudo isso com um rótulo novo ganha também um novo impulso.
Então vejamos alguns princípios de ProductOps:
- Foco no usuário: Colocar as necessidades dos usuários em primeiro lugar, entender seus problemas e priorizar as soluções que melhor atendem às suas necessidades.
- Colaboração: Fomentar a comunicação e a colaboração entre as equipes de produto e outras partes interessadas na organização, incluindo desenvolvedores, designers, gerentes de produto e executivos.
- Transparência: Manter uma visão clara e transparente sobre as prioridades, o progresso e as métricas dos produtos, para que todas as partes interessadas possam entender o que está acontecendo e tomar decisões informadas.
- Experimentação: Fazer testes de hipóteses e experimentar soluções para validar rapidamente ideias e reduzir o risco de falha.
- Agilidade: Ser capaz de adaptar-se rapidamente às mudanças nas necessidades do mercado, ao mesmo tempo em que se mantém dentro do orçamento e do prazo.
- Aprendizado contínuo: Aprender com o feedback dos usuários e dos dados do produto para melhorar constantemente a qualidade do produto e as habilidades da equipe.
- Orientação a dados: Tomar decisões informadas com base em dados e métricas do produto, em vez de confiar apenas em opiniões subjetivas ou intuições.
Foco na satisfação do cliente, colaboração, transparência… eu não sei para você, mas isso não me parece estranho. Como diria o Piu-piu, conhecido protagonista de um desenho animado, “eu acho que eu vi um gatinho”.
Vejamos cada princípio do ProductOps e conceitos similares a anteriores:
- O primeiro princípio do Manifesto Ágil, de 2001, diz: “Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado.” Ora, troque “software” por qualquer coisa e OK, temos a agilidade em qualquer lugar (não só na Tecnologia).
- O mesmo manifesto traz, entre seus quatro valores, a necessidade de colaboração.
- Transparência é um pilar do velho e bom Scrum, que está por aí desde a década de 1990.
- Experimentação é o coração de Lean Startup, livro de cabeceira de todo bom Product Manager desde sua publicação, em 2011.
- Agilidade… bem, eu não vou nem falar.
- Aprendizado contínuo também está em pauta desde o Ciclo de Shewhart, em 1939 (há quem defenda que o PDCA nasceu antes).
- E orientação a dados já existe antes de qualquer Product Manager ou Agile Coach atual ter nascido —Six Sigma, TQC ou CEP são técnicas utilizadas pela indústria há décadas.
O que mudou então?
A necessidade de novos termos não mudou —ela é ótima para consultorias e consultores como eu conseguirmos vender nossos produtos e serviços.
Mas agora, em tempos de crise, o foco em resultado fica ainda mais necessário.
E o resultado, afinal, é mais importante que o método. Sempre foi. E talvez as empresas tenham achado que o método é que construiu a Internet ou o Vale do Silício.
O problema é que Ágil sem Produto é um corpo sem alma.
Claro, o método pode ajudar a obter melhores resultados.
Mas defender o método sem se preocupar com resultado é um desastre. No final das contas é ser galinha, e não porco.
Agilidade de Resultados é conjugação de:
- Uma Visão de Produto vencedora
- Times com autonomia e processos de gestão leves, mas existentes
- Uma organização flexível, capaz de prover energia para quem, de fato, entrega
(como diria uma antiga colega de equipe no varejo, “menos conversinha, mais conversão”)
ProductOps, Business Agility, OKR, Transformação Digital… no final das contas, o que importa são resultados consistentes, equipe motivada e cliente satisfeito.
Comments are closed